O filho do sapo


Eu sou o filho do sapo,

filho dos feios malditos,

dos barulhentos benditos,

pululantes sem espaço.

Sou das bandas da insistência,

da parte lânguida da indecência

presa e lentamente ausente

à vida de toda aquela gente.

Sou das palavras conhecidas,

das coisas bem fornidas,

mas todas destroçadas

ao longo das estradas.

Sou aquele que escreveu

poemas e poesias

por anos em demasia

em busca de algum eu.

Sou o poeta da mediocridade

e da vastíssima banalidade.

Aquele que põe porcas palavras

e as bebe todas afogadas

em taças de rubro vinho

sem medo do fel do destino.

Sou aquele que escreveu o fim

desacontecido no mundo,

sou da fé toda sem fundo,

das palavras mortas, enfim.