Lembrança qualquer
O sentido dessa tristeza
não cabe na estreiteza
desses versos tão antigos,
tão de outros repetidos.
Sem pausa os sofri,
sem amor os decifrei,
sem ternura os afastei,
sem dó os esqueci.
E agora e agora e agora, bandido
das letras e das fomes?
Toma o que te tortura,
toma o que te consome,
toma tudo que não dura,
toma o rimar sem sentido.
Agora é a hora dos efes sustenidos,
dos fadados, dos fendidos,
dos finados e dos fodidos,
dos efes desaprendidos,
de todos os fudidos.
Foram-se os palavrões,
ficaram os harpões
fincados em meu peito,
morto e sem digno leito.
Acabado o poema,
faltou-me apenas
falar de alguma mulher
de lembrança qualquer.