Coisas inominadas
Se exigido algum aceno recitar
nesta passagem sem prefixos,
ou para outros retornos
restaurados em sufixos,
não o faria com palavras.
Primeiro plantaria
um ramo de murmúrios
na relva do amanhã.
Gota e lágrima,
semente e nada de adubos,
horas e dias,
cercando com palitinhos de saudades
os galhos tristes das bruscas reticências,
molhando a manhosa morte das esperas
com névoas de arrependimentos,
e faria florir na face da relva
vaporosos sortilégios outonais.
Depois apagaria os esquecimentos
com tintas faustosas e lineares.
E então esperaria florescer
os estranhamentos emudecidos
dos que ficam
a decifrar com palavras
as coisas inominadas.