Os meus olhos, os meus sonhos
A noite agoniza em silêncio
e sufoca sua inércia
nos meus olhos tristes,
olhos infantis, quase doces
quando em lágrimas,
quando holofotes num imenso
palco deserto,
quando se cansam do Belo
e se perdem por estradas,
ruas desoladas,
praças em solidão.
São inúteis os meus olhos,
são de vazios e sombras,
desprovidos de memória,
de alegria e de Deus.
A noite está silenciosa,
enquanto a inércia dos meus olhos
infantiliza essa tristeza
que encena sua tragédia
na morosa inutilidade
dos meus sonhos.
O tempo não desfaz
o silêncio dessa noite.
São infantis, são inúteis.
Os meus olhos, os meus sonhos.