Coisas
Vivem aqui, ao meu lado,
coisas que não me sentem,
não me veem, nem me ouvem.
E elas parecem tão satisfeitas
na imobilidade dessa vida,
dessa brincadeira de gente e coisas.
Há, ao meu redor,
coisas de cores.
E o ambiente difuso
acolhe-as como um pai
acolhe a um filho.
E nós não sabemos acolher nossos filhos.
(A ideia é sempre perfeita.)
Abriga-se, aqui,
um certo resto de vida, mais vivo que eu,
que meu coração
que ainda não parou.
E é inevitável
crer que estamos vivos
tão somente para contar
que as coisas estão mortas.