O tempo dos estivadores


Neste poema hodierno,

métrica não veste terno,

tampouco uma rima antiga,

que a nada, nada me obriga.


Sou do hoje, desse agora,

e de um outro tempo fora

do esquadro da poiesis,

um tempo que nada diz.


Morreu o tempo dos estivadores.

Com ele, a beleza e a certeza

de que todas estas e quaisquer dores,

sob uns truques e com alguma esperteza,

resultariam em suposta poesia,

aceita e amada com alegria.

E hoje cá estamos,

lendo prosa e lamentos gemendo,

como só assim podia

manifestar-se essa poesia.