Ideologias
Amplifico em meus ombros
o vazio de uma geração.
Não diria perdida,
nem mesmo assentada
em cômodas modernidades.
Minha geração nada pode,
num tempo que eclode
expressas liberdades.
Não nos foi dado acreditar
em ideologias de vagar.
Ruíram o modo e a pulsação
de guardar nosso amor,
nossa verde esperança,
nossa fé, nosso fervor,
nossa esguia temperança,
Dizimaram todas as crenças.
E, com elas, tudo que pensas.
E não restou-nos
espécie alguma de teoria,
senão os transtornos
de não haver mais ideologia.
Meus ombros não suportam esse tempo
e alimentam o peso de um mundo vazio.
Só ficou a marcha
cega, surda e muda
de homens sem amanhã.
Meus ombros carregam o peso moribundo
de uma geração que não carrega o mundo.
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