De amor


De amor e de tantas

doces veleidades nada sei.

E pensam que me dou

a carências do amor.

Engano mediano.

A evolução da minha espécie

não me alcançou

em matéria de amor.

Bruto, seco e pontiagudo,

sigo passos da sobrevivência.

Permito-me tão só

cogitar o que seria.

A máquina de pensar

serve-me junto à lei.

Já a de sentir

jaz no congelado

leito submerso do amor.

Do sofrer na vida

ao fugir da dor,

cavalgo esguio e forte,

olhando derredores

à espreita da dama sem cor.

E quando ela chegar,

tenaz e invicta,

entregarei meu destino

sem amor a lamentar,

sem lembrança de menino

e sem culpa a expiar.


Meu Deus!

Quem me dera fosse assim!