A morte


Precisamos falar da morte.

Deixá-la nua, transparente.

Reintegrar o que é da gente.

Tratá-la como um passaporte.


Precisamos, com pressa,

dela falar aos filhos,

aos amigos e amantes,

pois a qualquer momento

não será como dantes.


E devemos diretos ser,

sem medo algum transparecer.

E dizer o que a morte é,

firme, com muita ou pouca fé.


Dizer da temida senhora

que é um risonho acidente,

um orgasmo é sua nascente,

pois só nesta vida ela aflora.


E dizer aos queridos nossos

que tudo pode ser eterno

enquanto mexerem os ossos.