A graça


Quando a vontade de escrever

manifestou-se pra valer,

não notei, e não reclamei.

A graça sobrou sem querer.

Faltou só algum talento

e uma dose de alquimia

para ter só um alento

e escrever com alegria.


Sem ter para quem reclamar,

registro agora meu pesar

pelo que deixei de gozar

e, sim, a outros deleitar.


Quando me apresento engraçado,

minha casa é meu lugar.

Quando sério demasiado,

ponho-me a me publicar.


Ô alma sisuda e fria!

Nada sabe desta vida,

e muito menos da graça

de brincar com a poesia!