Poema de amor nº 8
A lembrança do amor dormido
prendeu-se à parede do meu quarto.
Sinto-a de soslaio
como se me temesse.
Nas cascas da parede,
rascunhos de tempos idos,
fermentados em lembranças
guisados a fogo a lenha,
fadados a estranhamentos
em face de contemporâneos
e súbitos desfazimentos.
As mãos são uma só
na fome da solidão.
O amor, um pobre e infinito nó
a esconder-se num quarto sob o pó
derramado pelo tempo de então.
E o corpo cambaleia rumo
à parede externa em busca da ceia
de uma mesa eterna.