Poema de amor nº 20


Amei naquela confusa cidade

ela, a mulher de difusa idade.

Desprovida da bela castidade,

deu-se donzela, sem fidelidade.


Comi sobre a mesa, comi na cama,

bebi a noite, bebi toda a lama,

senti tudo, a morte numa chama

de prazer mudo, sorte que reclama.


E agora sigo catando

palavras pra ir rimando,

meu fim logo aqui chegando,

a morte ali, me esperando.


Rimei com idade,

depois com ama,

por fim com ando.

Idade, ama, ando.

Idade amando.

Há algum tipo de amor

e de desperdícios

nessas rimas

desconstruídas.

E não houve tempo pra falar

dos maus decassílabos

iniciais.