Poema de amor nº 13
Tu não cantavas nossas canções de amor,
às vezes teus olhos se fechavam longamente,
mas não me diziam em que pensavas,
em qual jardim ou em qual boca te perdias.
Tu não me abraçavas depois das lembranças,
nem me beijavas, nem me esquecias completamente.
E ficávamos de longe a olhar por cima de ombros
as coisas de inúteis vagar, as coisas de poucas emoções.
E tu não me olhavas, e eu te esquecia.
E houve algum momento
em que nos olhamos cheios de antigamente
e nos tememos e nos desejamos.
E tudo isso ficou para se realizar
depois de todos os sofrimentos
e de todos os imensos tormentos
por nós sentidos e por tanto tempo
delicadamente amados sem lamentos.
E um dia as coisas todas estarão mortas.
E nossos olhos velhos e senis
lembrarão de nossos corpos
lindos, fortes, loucos e juvenis.
E tudo fará sentido.
Até mesmo a insana caminhada
rumo ao esquecimento do vivido.